quinta-feira, 17 de julho de 2008

Quem Está Resistindo à Igreja? - por Francis Frangipane

Freqüentemente, quando prego em conferências de oração em favor de cidades ou regiões específicas, as pessoas me pedem para desmascarar o "poder espiritual" que está se opondo ao corpo de Cristo naquela região. Já chegaram ao ponto de pedir que eu revele o "nome" do espírito ou príncipe que resiste ao crescimento e ao reavivamento das igrejas naquela área geográfica.

"Vocês realmente querem saber o nome do espírito mais poderoso que resiste à maioria dos cristãos?" eu pergunto. Aí vejo os rostos dos presentes se iluminarem com expectativa.
"É Yaveh." (Jeová)
A audiência, que de repente parece mais uma árvore cheia de corujas, sempre fica perplexa com minha resposta. As pessoas têm certeza que não entendi a pergunta delas até eu explicar que, de acordo com as Escrituras, é o próprio Deus quem "resiste aos soberbos" (Tiago 4.6). Desta forma, se estivermos divididos nos nossos corações de outras igrejas, ou se estivermos de alguma forma nos autopromovendo na nossa atitude, estamos andando em orgulho. Conseqüentemente, o Espírito que se levanta para se opor aos nossos esforços não é demoníaco; é Deus.
Deus não tolera orgulho, especialmente o orgulho religioso. E é essa característica religiosa do orgulho – através da qual nos ufanamos dos nossos feitos, ficamos inchados com o nosso conhecimento ou julgamos as outras pessoas – que faz com que o Deus vivo se posicione contra muitos dos nossos esforços para ganhar as nossas cidades para Cristo.
O Senhor não desculpará nosso orgulho simplesmente porque cantamos três hinos aos domingos, e nos consideramos "salvos". Deus resistiu ao orgulho de Lúcifer no céu, e se oporá ao nosso orgulho na terra. O mais triste de tudo é que o orgulho religioso foi tão misturado à nossa experiência cristã que nem mesmo conseguimos perceber que há algo de errado. Entretanto, sem dúvida é o pecado mais ofensivo manifesto na igreja.
O Senhor não quer que os perdidos sejam enxertados em igrejas onde vão assimilar o veneno do orgulho na mesma mesa onde recebem a salvação.
Quem Busca e Julga
De fato, o orgulho religioso é o pior tipo de idolatria, porque coloca o homem no lugar de Deus. Jesus disse o seguinte a respeito de si: "Eu não busco a minha glória; há quem a busque, e julgue" (João 8.50). Quantas das nossas ações traduzem exatamente o contrário da natureza de Cristo! Nossa escolha de roupas e carros, casas e vocações na vida, tão freqüentemente é baseada fundamentalmente na exaltação de si mesmo.
Prestemos atenção cuidadosa às palavras de Jesus. Toda vez que procuramos nos exaltar, entramos em confronto direto com Deus. Uma dimensão do coração do Pai é que ele procura e julga os que pelo orgulho se autopromovem. De fato, meu querido, precisamos considerar com temor santo nossa tradição ocidental de autopromoção. Ainda que seja altamente valorizada entre os homens, "perante Deus é abominação" (Lucas 16.15).
O Velho Testamento está repleto de ilustrações que demonstram a oposição de Deus ao orgulho do homem. Vez após vez, não eram os inimigos de Israel que impediam a prosperidade da nação – era o próprio Deus. O Senhor permitia que os adversários de Israel humilhassem a seu povo, impelindo-o ao desespero, à humildade, e finalmente ao arrependimento. Lá em quebrantamento e honestidade, Deus podia tratar com seus pecados e conduzi-los a um avivamento nacional.
O clamor de Deus a Israel é o mesmo para nós hoje: "Oxalá me escutasse o meu povo! Oxalá Israel andasse nos meus caminhos! Em breve eu abateria os seus inimigos, e voltaria a minha mão contra os seus adversários" (Salmos 81.13-14).

Assim é conosco. Precisamos que o poder de Deus seja liberado contra nossos inimigos. Sim, potestades terríveis das trevas têm invadido a nossa nação. O adversário anda pelas nossas ruas procurando a quem possa devorar (1 Pedro 5.8). Entretanto, a nossa esperança não está em confrontarmos o inimigo e sim em nos entregarmos totalmente a Deus. Nossa vitória sobre o inimigo está ligado diretamente à nossa entrega total a Deus.
Se verdadeiramente "aprendêssemos dele", então nós, como Jesus, seríamos "mansos e humildes de coração" (Mateus 11.29). E Deus, que dá graça aos humildes, nos resgataria dos inimigos espirituais do nosso país (Tiago 4.6)

Sarar Nossa Terra
A promessa do Senhor é muito conhecida. Ele diz: "Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos meus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra" (2 Crônicas 7.14).

Talvez alguns de nós diríamos: "Mas eu estou me humilhando e orando". Entretanto, a nossa humildade diante de Deus não é completa, até que aprendamos a nos humilhar não somente diante de Deus mas também diante dos outros.

De fato, devido ao orgulho, ainda temos que aceitar o que o Senhor quer dizer quando diz: "Se o meu povo". Nós ainda interpretamos "Meu povo" como sendo nosso povo – nosso círculo limitado de amigos, parentes e cristãos cuja cultura e sistema de culto são semelhantes aos nossos.
Porém, quando o Senhor pensa sobre o seu povo, ele vê um grupo muito mais abrangente. Ele vê todos na cidade "que são chamados pelo seu nome". Aos olhos de Deus, seu povo constitui um grupo diversificado de muitas procedências denominacionais e étnicas, sendo que cada uma tem recebido dons e capacidades distintas para beneficiar todo o corpo de Cristo naquela cidade.
Nós, evangélicos, comercializamos as nossas diferenças e ao mesmo tempo sentimo-nos ameaçados pelos dons e capacidades dos outros. Aproveitando os nossos temores, Satanás não somente tem causado divisão entre nós, como também tem nos tornado orgulhosos pelo fato de estarmos separados. Achamos que separar-nos dos outros é uma virtude. E é por causa dessa ruptura dos nossos relacionamentos que as feridas da nossa sociedade ficam sem cura.

Considere o seguinte: somente um grupo de pessoas foi continuamente confrontado e resistido pelo Senhor no Novo Testamento: os fariseus. De todos os grupos religiosos no primeiro século, aquele com o qual a igreja mais se assemelha hoje não é o dos cristãos, mas o dos fariseus, cujo nome significa "os separados".

Queremos que Deus sare a nossa terra. Mas a terra que ele pretende sarar é aquela que está debaixo dos pés dos humildes. A cura só irá fluir quando nos tornarmos "seu povo" nas nossas cidades – à medida que nos humilharmos e reconhecermos as áreas específicas onde cada um de nós tem falhado em revelar Jesus em nossos relacionamentos com os outros.
O remédio de Deus para a sociedade exige que os cristãos irreconciliados uns com os outros "se humilhem e orem". A chave está nos nossos relacionamentos diários. Estamos sempre tão conscientes daquilo que outros fizeram para nós, mas onde temos falhado com eles? O que podemos fazer para curar a terra que existe entre nós e as pessoas que ferimos? Quando igrejas com expressões diferentes se humilham e buscam a face de Deus juntas, uma fonte de vida começa a jorrar a partir daquele novo começo.
Se Deus resiste aos soberbos, lembre-se que dá graça aos humildes. Graça é mais do que ser coberto; é ser purificado e transformado pelo poder de Deus. Graça é o poder transformador de Deus fazendo em nós o que não podemos fazer por nós mesmos.
O perdão lava a nossa cultura do entulho de ontem. É quando os nossos joelhos se dobram em humildade pedindo perdão pela nossa participação na ferida que existe entre nós e os outros, que Deus ouve do céu – e sara a terra debaixo dos nossos pés.

Um comentário:

Filipe José disse...

Fala Fabinho!
Bom Blog!
Parabéns meu amigo.